À parte das cidades que visitei, e tudo o que de magnífico englobam - dos promenores à monumentalidade dos edificos - existe toda uma experiência que apreendi com os cinco sentidos. Uma viagem é composta por cheiros, sons, pessoas, sensações... que se guardam junto das fotografias mentais dos locais por onde passamos.
Para começar, a experiência de viajar sozinho!
Posso dizer-vos que o mais difícil passou-se antes de iniciar a viagem. Toda a expectativa, inseguranças, medos, disiparam-se no decorrer dos primeiros dias. Peço desculpa se desaponto alguns amigos/leitores do blog... mas realmente, viajar sozinho não é nada de extraordinário! Quer dizer, é espectacular no sentido em que organizamos o nosso tempo, em função dos nossos interesses: levantava-me e deitava-me à hora que queria, comia quando tinha fome, geria o meu dinheiro sem ter de discutir preços com ninguém, optava por ver o que mais gostava sem cedências aos interesses dos outros e, se houve dias em que fiz autênticas maratonas pelas cidadas, noutros deixei-me ficar por locais que me agradavam a ver passar o tempo!
Quando digo que não é nada de extraordinário, refiro-me à sensação de aventura, até mesmo de coragem, que pensava que iria encontrar. Posso mesmo dizer-vos que muitas vezes senti que estava apenas a fazer aquilo que nasci para fazer: viajar e escrever sobre isso.
Para já, um ponto positivo.
Existem depois outras questões de ordem prática. Por exemplo, os famosos "Hostel". Partilhar um quarto com mais sete desconhecidos, pode, à partida, parecer, no minímo, assustador. Confesso que a primeira noite (como em todas as primeiras vezes) é desconfortável. A partir daí, é como a Coca Cola: primeiro estranha-se, depois entranha-se! Deixei de procurar quartos individuais, a minha primeira opção era sempre o quarto com maior número de camas. Primeiro, é sempre o mais econónimo (o máximo que paguei por noite foram 17 euros e o minímo 10) e quantos mais companheiros de quarto, maiores as possibilidade de fazer amigos.
Mais um ponto a meu favor.
Comboios e autocarros de longo curso, assim como as respectivas estações, são outro bom local para travar amizades. Nestes locais (que merecem uma crónica por si só) toda a gente tem algo em comum: estamos a chegar ou de partida para algum lado, e uma vez instalados nos respectivos lugares temos muitas horas pela frente sem nada de especial para fazer.
Estranhamente, aeroportos e aviões não se incluem nesta categoria. Penso que o facto de se possuir uma passagem aérea nos dá uma certa falta de modéstia, imcompatível com a prática de comunicar com estranhos.
Se no interior de um Museu, ou de visita a uma Catedral, somos apenas um turista no meio de muitos, outros momentos e locais há que nos remetem para a nossa condição de viajante solitário. É o caso, por exemplo, dos restaurantes e bares. "Mesa para um" é pouco usual! Evitei comer em restaurantes por esse motivo, mas não me safei algumas vezes. Primeiro, no estrangeiro - exactamente por se ser estrangeiro - temos desculpa, e depois é preciso adoptar uma certa postura de naturalidade, misturada com os fat-divers: uma revista para ler ou um guia da cidade que comprove a nossa condição de estrangeiro.
So far, so good.
Por último, não menos importante, e certamente incontornável, a verdadeira realidade de estarmos sozinhos! Sejamos sinceros, às vezes custa! Mas no momento seguinte, passa!
Classificação final: Aprovado!