CATARInaEUROPA

De viagem por Budapeste, Praga, Viena, Berlim e Bratislava

quinta-feira, agosto 31, 2006

Considerações do viajante I


À parte das cidades que visitei, e tudo o que de magnífico englobam - dos promenores à monumentalidade dos edificos - existe toda uma experiência que apreendi com os cinco sentidos. Uma viagem é composta por cheiros, sons, pessoas, sensações... que se guardam junto das fotografias mentais dos locais por onde passamos.
Para começar, a experiência de viajar sozinho!
Posso dizer-vos que o mais difícil passou-se antes de iniciar a viagem. Toda a expectativa, inseguranças, medos, disiparam-se no decorrer dos primeiros dias. Peço desculpa se desaponto alguns amigos/leitores do blog... mas realmente, viajar sozinho não é nada de extraordinário! Quer dizer, é espectacular no sentido em que organizamos o nosso tempo, em função dos nossos interesses: levantava-me e deitava-me à hora que queria, comia quando tinha fome, geria o meu dinheiro sem ter de discutir preços com ninguém, optava por ver o que mais gostava sem cedências aos interesses dos outros e, se houve dias em que fiz autênticas maratonas pelas cidadas, noutros deixei-me ficar por locais que me agradavam a ver passar o tempo!
Quando digo que não é nada de extraordinário, refiro-me à sensação de aventura, até mesmo de coragem, que pensava que iria encontrar. Posso mesmo dizer-vos que muitas vezes senti que estava apenas a fazer aquilo que nasci para fazer: viajar e escrever sobre isso.
Para já, um ponto positivo.
Existem depois outras questões de ordem prática. Por exemplo, os famosos "Hostel". Partilhar um quarto com mais sete desconhecidos, pode, à partida, parecer, no minímo, assustador. Confesso que a primeira noite (como em todas as primeiras vezes) é desconfortável. A partir daí, é como a Coca Cola: primeiro estranha-se, depois entranha-se! Deixei de procurar quartos individuais, a minha primeira opção era sempre o quarto com maior número de camas. Primeiro, é sempre o mais econónimo (o máximo que paguei por noite foram 17 euros e o minímo 10) e quantos mais companheiros de quarto, maiores as possibilidade de fazer amigos.
Mais um ponto a meu favor.
Comboios e autocarros de longo curso, assim como as respectivas estações, são outro bom local para travar amizades. Nestes locais (que merecem uma crónica por si só) toda a gente tem algo em comum: estamos a chegar ou de partida para algum lado, e uma vez instalados nos respectivos lugares temos muitas horas pela frente sem nada de especial para fazer.
Estranhamente, aeroportos e aviões não se incluem nesta categoria. Penso que o facto de se possuir uma passagem aérea nos dá uma certa falta de modéstia, imcompatível com a prática de comunicar com estranhos.
Se no interior de um Museu, ou de visita a uma Catedral, somos apenas um turista no meio de muitos, outros momentos e locais há que nos remetem para a nossa condição de viajante solitário. É o caso, por exemplo, dos restaurantes e bares. "Mesa para um" é pouco usual! Evitei comer em restaurantes por esse motivo, mas não me safei algumas vezes. Primeiro, no estrangeiro - exactamente por se ser estrangeiro - temos desculpa, e depois é preciso adoptar uma certa postura de naturalidade, misturada com os fat-divers: uma revista para ler ou um guia da cidade que comprove a nossa condição de estrangeiro.
So far, so good.
Por último, não menos importante, e certamente incontornável, a verdadeira realidade de estarmos sozinhos! Sejamos sinceros, às vezes custa! Mas no momento seguinte, passa!
Classificação final: Aprovado!

quarta-feira, agosto 16, 2006

As águas de Budapeste


Chego a Budapeste às 9 horas, depois de 13 horas de viagem de comboio. Tenho pela frente as últimas 24 horas da minha viagem. Devido ao problema que tive com a máquina fotográfica no primeiro dia, decido voltar a alguns dos locais que tinha já visitado para tirar algumas fotos.
Resolvo tomar um café no mais célebre café da cidade, o Gerbeaud. O seu luxo e requinte oferece preços muito acima das minhas possibilidades, mas é o meu último dia, por isso disponho-me a pagar os 4 euros pelo café. Afinal até saiu barato, porque decido sair sem pagar! (Uma rebeldia à portuguesa).
Continua a chover em Budapeste! Mas desta vez, tudo é diferente. A começar por mim! Sinto agora um à vontade e uma descontracção fruto da "bagagem" de 13 dias de viagem, um sentimento muito diferente do primeiro dia que passei nesta cidade, quando tudo me era estranho, desconfortável e incerto. E depois, há uma feira na cidade! As feiras são para o viajante como porto seguro para os marinheiros. Há música, comes e bebes, bugigangas para comprar e uma multidão que não nos deixa sentir sós! Almoço na feira com um ilustre desconhecido, talvez o homem mais bonito com quem tomei uma refeição na vida. Acabado o almoço despedi-mos e cada um vai à sua vida, no meu caso vou aos banhos.
Os banhos são uma das melhores atracções de Budapeste, algo que ninguém deve perder se algum dia por aqui passar. Entre piscinas com água a 36 e 38 graus, sauna, massagens e duches, sentimo-nos um imperador no seu máximo momento de lazer. A segunda melhor sensação do dia (depois da companhia do almoço).
Regresso ao hostel e pergunto na recepção por um bom restaurante para a minha última refeição da viagem. Depois de alguns telefonemas, reservam-me uma mesa num restaurante indiano (ao sábado jantar em Budapeste exige marcarção em qualquer restaurante). Quando chego ao Indigo (indiano mas de alto nível) tenho uma mesa à minha espera e sou recebida pelo dono, um indiano de Goa, que aproveita a minha presença para recordar algumas palavras de português.
Passeio pela última vez por Budapeste, o "Paris do Leste".
Finalmente parou de chover!

sábado, agosto 12, 2006

Bratislava


Em Viena apanhei o autocarro das 9 horas para Bratislava. Demora apenas uma hora e meia.
A primeira visao da capital da Eslovaquia e desoladora. A estacao de autocarros fica apenas a 1 km do centro da cidade e esse caminho mostra predios recentes mas com aspecto degradado e sujo, ruas desertas, e aquele genero de comercio tipico dos suburbios que, em qualquer cidade do mundo, e preciso palmilhar muito para encontar. Exemplos? Lojas com artigos ortopedicos, lojas especializadas em mapas e outras que vendem perucas!
Passando o arco que da para a Praca da Camara Municipal entramos noutra realidade. A semelhanca de Praga, o centro historico de Bratislava descobre-se a partir de uma Praca Central (mais pequena que a de Praga) e de ruelas circundantes so para peoes. Com a grande diferenca que as ruas sao mais largas, organizadas e livres de multidoes de turistas. Cada porta e um cafe, uma loja ou um palacio/igreja, todos muito bem cuidados, limpos, com bom gosto e simplicidade. Os cafes sao modernos e as lojas mostram as ultimas tendencias da moda de Paris ou Nova Iorque. Tudo isto combina na perfeicao com a pequena vila que nos da uma sensacao de "cidade das bonecas".
A medida que o dia avanca, a Praca Central enche-se de gente que passeia, se senta nos bancos publicos ou prefere a esplanada de um cafe. Os precos desta cidade tudo permitem! Na esplanada do mais antigo cafe de Brastislava, com vista previligiada sobre a Praca, tomo uma bica por 1 euro. Mais tarde, almoco no mercado (provo o prato tipico da Eslovaquia, uma genero de uma massa com natas de cabra e bacon frito) por 2 euros. Ao lanche opto por um gelado, um cone de tres sabores a derreter pela baunilha abaixo, que me custa 0,80 euros.
Subo ao Castelo que tem uma vista linda sobre o Danubio - tambem aqui nada azul - e sobre a parte nova da cidade, para la da ponte. Com a entrada da Eslovaquia na UE em 2004, abriu-se a porta da liberalizacao dos precos e o pais comecou a ser invadido por grandes cadeias de lojas, shopings e outras grandes superficies. Grande parte ainda esta em construcao.
No Castelo tento apanhar um autocarro para Slavin, o cemiterio dos soldados russos mortos durante a II Guerra Mundial. Todas as pessoas a quem pergunto como posso la chegar acham estranho o meu desejo de la ir, e ninguem me sabe informar qual e o autocarro.
Entro num establecimento, que penso ser um banco, e la consigo a informacao. Pela primeira vez ando ao crava, porque nao consigo comprar bilhete. Arrisco!
A medida que o autocarro sobe a rua torna-se cada vez mais deserta. Desco na ultima paragem mas tenho ainda de percorrer cerca de 400 metros a pe por uma rua com casas lindissimas e modernas que me fazem lembrar os bairros das vedetas de Hollywood que se vem nos filmes americanos. Nao e por acaso. Ao fim da rua fica a embaixada dos E.U.A. Mais uma vez nao ha ninguem na rua senao eu.
Finalmente alcanco o Memorial. A entrada cruzo-me com um homem que me parece um sem abrigo e que me acompanha durante toda a visita falando-me sempre em eslovaco (acho eu!). Somos as unicas pessoas la. Nao se ouve nada e o local e grandioso. Tem, de certeza, a melhor vista sobre Bratislava. Valeu bem o esforco de la chegar.
Digo adeus ao senhor, que volta a deitar-se num canto, e comeco a descer. Sao horas de apanhar o autocarro de volta a Viena.

quinta-feira, agosto 10, 2006

O beijo


Fiquei fã dos bike tours. Descobri que quando se tem pouco tempo para conhecer uma cidade, não há melhor que a bicicleta: permite-nos ter uma noção geral dos locais a visitar, leva-nos menos tempo a alcançá-los e é ecológico. Por isso, inscrevi-me num bike tour por Viena.
Alguns dos locais por onde passamos a pedalar já eu tinha ontem percorrido a pé, mas hoje fiquei a saber alguma coisa sobre a História de Viena e outras curiosidades. Por exemplo: perante uma estátua dourada de Strauss (que inventou a valsa) soube que outrora tinha sido preta. Ao que parece, um grupo de turistas japoneses nos anos 80, achou que seria muito mais bonita se fosse dourada. De regresso ao Japão organizaram uma colecta de dinheiro que enviaram para o presidente da Câmara de Viena para que este revestisse a estátua a ouro. Ao que parece, os japoneses nao se limitam a disparar as suas câmaras fotograficas, sabem exactamente de que cor querem os objectos das suas fotos.
Da parte da tarde fui visitar o Palácio de Belvedere. Escolhi este museu, de entre os muitos que existem em Viena, por albergar a maior colecção de quadros do pintor Gustave Klimt. Entre outras obras lá estava ele: "O Beijo", o quadro mais carismático de Klimt.
Há algumas semanas fui ver o filme "Klimt" ao Monumental, sobre a vida deste pintor, com John Malkovich como Klimt. Talvez um dos piores filmes dos últimos tempos! Contudo, hoje, ao visitar o Belvedere consegui reconhecer algumas das suas obras e percebe-las um pouco melhor. Afinal os 5 euros gastos no filme valeram a pena!

Estou na recta final da minha viagem. Amanhã vou passar o dia a Bratislava e sábado regresso a Budapeste, ao ponto onde comecei.

quarta-feira, agosto 09, 2006

O bolo da noiva



Hoje foi um dia sem relógio: deitei-me ao meio dia em Viena , depois de 13 horas de viagem de comboio desde Berlim; acordei às 15 horas, almocei as 17 horas e jantei as 22 horas. Não fiz mais nada senão passear sem destino por esta cidade.
Li algures, antes de vir, que se Nova Iorque é a "Grande Maçã", então Viena é o "Bolo da Noiva". Nenhuma frase podia acentar melhor a esta cidade! Mas este é um bolo da noiva onde todos metem o dedo para provar o chantily, isto porque Viena é um monumento vivo!
Cada passo que damos deparamo-nos com mais um monumental palácio, museu, igreja, catedral, jardim... Mas ao contrário, por exemplo de Praga ou Roma, cidades onde dificilmente descobrimos verdadeiros moradores, em Viena, todos estes locais são desfrutados ao máximo pelos austríacos. Os parques e jardins estão cheios de gente a dormir uma sesta, jogar ao disco ou a fazer piqueniques; e nas ruas de comércio (repletas de gente - daí a alusão a Nova Iorque) conseguimos ver mais do que apenas japoneses com as suas câmaras digitais.
Ao entardecer fui andar na roda gigante (um clássico, tipo ir a Roma e não ver o Papa), mas vale a pena a vista lá de cima.
No hostel falaram-me num festival de cinema sobre música clássica. Resolvi passar por lá. Para além de um ecrã gigante instalado sobre o edificio da Câmara Municipal (qualquer coisa de grandioso) que passava um concerto de música clássica, toda esta praça está repleta de barraquinhas de comes e bebes (com muito gosto, qual cadeiras de plástico...). Decidi-me por uma paella (eu sei, nada típico...) e uma sangria. Sentei-me numa mesa onde já estava uma senhora. Era portuguesa! Conheci a Carla e a Ana, duas professoras de Lisboa que me acompanharam no jantar.
Afinal bebi mais duas sangrias enquanto acabava de ouvir o concerto. Vim para casa a assobiar!

terça-feira, agosto 08, 2006

O número 8


Descubro Berlim a pé no meu dia de viagem.
Longe das ruelas labirínticas e medievais de Praga, Berlim é uma cidade monumental, de ruas largas , grandes edifícios e onde se respira a era contemporânea. Pouco resta de uma cidade dividida pelo Muro durante 28 anos. Desde 1989 Berlim recuperou de forma espantosa a nível arquitectónico. Quase 18 anos depois (alguns edifícios ainda em obras estarão concluídos em 2007) a cupula e ruas em redor do Parlamento, a Potsdamer Platz, são o cartão de visita da modernidade. Mas nao só! Pelas ruas cruzam-se centenas de pessoas, a pé, de carro e de bicicleta e a única buzinadela que ouvi foi a campanhia de uma bicicleta. Contudo, a azáfama da capital alemã é tudo menos caótica. Ninguém resmunga com os turistas que, por engano, passeiam nas ciclovias, e os automobilistas param para os peões passarem, mesmo fora das passadeiras. Nesta cidade pode pisar-se a relva (e até fazer umas sestas) sem que a relva fique estragada, pode-se fumar sem incomodar quem não fuma e pode-se até ocupar uma espreguicadeira com vista para o museu, sem ter de consumir nada.
(Penso que em Berlim é muito fácil roubar qualquer coisa de uma loja ou comer e sair sem pagar. Aos alemães, simplesmente, não lhes passa isso pela cabeca, por isso, nada é controlado).
A linha de transportes públicos é brutalmente complexa (metro, comboio, eléctrico e autocarros) e, no entanto, nao podia ser menos descomplicada.
Se Praga era um 8 em ruas labirínticas (nunca consegui chegar a nenhum ponto através do mapa), enchentes de turistas e onde tudo nos era cobrado, Berlim é o 80: ruas largas, edifícios monumentais, total organização e uma grande liberdade de movimentos.

Dentro de 2 horas parto para Viena. Mais um país, outra cidade, com certeza, uma nova realidade!

segunda-feira, agosto 07, 2006

Berlim de bicicleta


Finalmente um dia sem chuva!
Resolvi fazer um bike tour, uma sugestão de uma rapariga australiana com quem troquei umas palavras no hostel. O meu hostel fica mesmo junto à TV Tower, uma torre com 203 metros de altura. Na base da torre fica a loja das bicicletas. O passeio foi muito interessante, primeiro porque é em grupo, depois porque dei um pouco de descanso aos pés e, principalmente, porque conseguimos ver os spots mais importantes da cidade em 5 horas, com direito a guia (muito engraçado) e explicações sobre os locais por onde vamos passando. Custa 20 euros, mas acho que foi o dinheiro melhor empregue até agora. Se alguma vez vierem a Berlim (Paris e Barcelona também) nao deixem de fazer o bike tour.
Berlim é uma cidade incrível. Se pensarmos que o Muro caiu em 1989, e com ele a Guerra Fria, e que a II Guerra Mundial deixou sequelas profundas na cidade, custa a crer no estado de Berlim actual! Existem edifícios antigos com cupulas modernas, canais, um parque gigante e lindo, mais de 100 museus... é dificil ver tudo isto em apenas 2 dias, mas o passeio de bicileta deu para ter uma ideia do que há para ver e amanhã vou repetir alguns locais.
Agora estou à espera que o Miguel acabe o trabalho para irmos dar uma volta (queremos ir ver o resta do Muro no Ckeck Point Charlie) e depois vamos jantar. Talvez o melhor jantar da minha viagem. É por conta dele!

Saudades


o 1h30 da manhã, mas não queria deixar-vos sem a crónica de hoje (já sei que alguns se habituaram à crónica diária com o cafézinho).
Cheguei hà poucas horas a Berlim e estive até agora com o Miguel. Finalmente alguém com quem falar português para matar saudades de casa...
O fim-de-semana foi, até agora, o pior momento da viagem. Sexta à noite tive um incidente no hostel que me fez perder várias horas de sono e hoje passei o dia todo em viagem. Enfim, nada de grave, mas o suficiente para nos deixar mais em baixo quando se está sozinha.
O tempo continua mau, chove, faz muito frio, e já tive de comprar uma camisola mais quentinha.
Ainda nao vi nada de Berlim, mas já percebi que os preços aqui são muito mais elevados... Bemvindos à velha Europa!!
O hostel destas próximas duas noites não parece mau, mas é decididamente pior que o de Praga.
Bem, vou para a caminha que já se faz tarde. Prometo que amanhã escrevo uma crónica com mais pormenores.

sexta-feira, agosto 04, 2006

Alice no País das Maravilhas


Praga parece que foi desenhada. Às vezes custa a crer que more aqui alguém na realidade... Antes de partir disseram-me que em Praga me sentira como a Alice no País das Maravilhas. É mesmo verdade. A irrealidade desta cidade faz-nos sentir uma personagem aqui colocada para dar vida ao grande desenho.
Na personagem de Alice, caminhei por estas ruas toda a manhã... Da parte da tarde dei de caras com uma exposição de fotografia, do género World Press Photo. Fui ver. A exposição mostra imagens de vários conflitos mundiais, guerras, catástrofes e outras tristes realidades. A "Alice"desceu do mundo dos sonhos para a realidade.
Saí da exposição com lágrimas nos olhos. À saida percebi que o senhor que me tinha vendido o bilhete era o fotógrafo por detrás da câmara em todos aqueles cenários. Desde 1985, Jan Sibik testemunhou o pior do mundo e resgistou tudo com a sua máquina. Queria que ele me falasse um pouco sobre o seu trabalho, mas ele não mostrou qualquer interesse nas minhas perguntas. Écompreensivel! Afinal, não foi só a sua máquina fotografica a registar todos estes males do mundo...

quinta-feira, agosto 03, 2006

Em trânsito

Partilhei o compartimento do comboio para Praga com duas japonesas e um italiano. Das japone~sas nada sei - a meio da noite trocaram de compartimento - mas fiz a minha primeira amizade da viagem com o italiano. Chama-se Fabricio, tem 44 anos, e de Parma, trabalha numa fabrica que produz pecas para motos e a mulher deixou-o ha 6 meses... E muito atencioso e acho que procura companhia, mas ja lhe contei que tenho um boyfriend back in Portugal nao fosse o caso de estar com ideias...
A noite no comboio foi interrompida inumeras vezes para controlo de bilhetes e passaportes, cada vez que passamos uma fronteira, que foram da da Eslovaqui e Rep. Checa. Rapei imenso frio, enquanto o meu companheiro de cabine ressonava quentinho no seu saco de cama. Estou a pensar em comprar um para as proximas viagens.
Chegamos a Praga as 6 da manha e estava tudo fechado na estacao. Tentei apanhar o metro mas nao tinha dinheiro checo. Levantei 200Ck no mulibanco mas continuava sem troco para a maquina dos bilhetes. Tentei trocar numa loja de cambios mas obrigaram-me a comprar um mapa em troca de trocos - simpaticos!
Procurei no centro alguns hoteis, todos carissimos e entao resolvi esperar num cafe pela abertura do posto de turismo. Quando finalmente abriu, as 9 horas, a senhora disse-me que apenas indicavam alojamento em Hotel e nao em Hostel: este S de diferenca significa muitos euros. A muito custo la me indicou um onde acabei por conseguir uma cama num quarto de 8 pessoas por 14 euros/noite com pequeno-almoco. O chek in no hotel era apenas as 13 horas, portanto resolvi ir tratar do bilhete para Berlim. Desta vez decidi-me pelo autocarro em vez do comboio porque e mais barato. Tenho ligacao para Berlim no proximo domingo as 14h30.
Regressei ao hotel depois de um duche ha muito esperado dormi duas horas.
Daqui a pouco vou assistir a um concerto de musica classica numa igreja - e de borla. Antes disso vou dar uma volta pela grande e linda Praca de Praga, ja aqui ao virar da esquina.
Aos que reclamam por fotos, fiquem sabendo que tive um problema na maquina em Budapeste, a pilha descarregou totalmente, portanto a minha primeira foto foi tirada hoje! De qualquer forma terao de esperar pelo meu regresso. Computadores em cibercafes nao tem porta USB, por isso nao consigo publicar fotos.
Mais uma vez peco desculpa por falta de acentuacao e pontuacao, mas teclado em Rep. Checa e ainda mais estranho.
Ate amanha!

quarta-feira, agosto 02, 2006

Os amores de Picasso e os horrores da guerra


Como contar um dia cheio como este? A noite no Aventura também tem que se lhe diga, mas isso fica para uma próxima crónica.
Nao estava a chover quando acordei. Tomei o pequeno-almoço no hostel (estava incluído e não era mau) e sai. Atravessei a Ponte das Correntes para Buda (o Danúbio divide Peste de Buda) e visitei a zona do Castelo, uma parte mais antiga da cidade, mais pitoresca e também mais turistica (japoneses com as suas máquinas fotograficas por todo o lado).
Voltei a descer a encosta e atravessei de novo a ponte para Peste. Um guia de viagens dizia que Budapeste é Paris do Leste... consigo perceber o porquê: encontro semelhanças arquitectónicas e as margens do Danúbio do lado de Peste lembram um pouco as margens do Sena, mas sem a monumentalidade parisiense.
Almocei no Central Market, um "gulash" que é um guisado como o nosso mas com caldo. É óptimo e foi muito barato.
Fui até aà Praça dos Heróis e um dos Museus anunciava duas exposições temporárias: Picasso e Rembrand. Entrei (de borla, com a Carteira de Jornalista o bilhete é grátis e parece que ficam contentes com a minha visita) e fui ver "Os amores de Picasso" sobre a influância das mulheres na sua vida artistica.
De seguida fui visitar a Casa do Terror (mais uma vez nao paguei), um dos Museus mais interessantes que já visitei, pela sua organização, nao tanto pela temática: o próprio edifício foi sede do partido Nazi durante a ocupação da Hungria.
De momento estou de volta ao Aventura Hostel para buscar a minha mochila e seguir para a Estação onde vou apanhar o comboio para Praga.
Amanhã escrevo-vos da República Checa.

terça-feira, agosto 01, 2006

Ver chover em Budapeste


A viagem correu bem. Chegada ao aeroporto apanhei um autocarro para a estação de Kobanya onde apanhei o metro para Nyugati Pu. Li num guia que Budapeste foi a primeira cidade europeia a instalar um aparelho de ar condicionado. Não parece! No metro e na estação estava um forno húmido.
Foi fácil dar com o Aventura Hostel. Já percebi porque se chama assim... Se alguém viu o filme "Residência Espanhola", imagine algo parecido mas mais desarrumado e com mais gente. Os meus companheiros de quarto são 3 italianos, mas não falam muito...
Depois de deixar a mochila sai logo de seguida e fui até à estação comprar o bilhete para Praga. Tenho comboio amanhã às 19h55 (chega a Praga às 6 da manhã). O bilhete custou-me uma fortuna mas o senhor garantiu-me que é directo, não e preciso trocar de comboio. Foi caro mas poupo uma noite de estadia.
Passei pela rua Vaci, muito famosa mas não me convenceu: tem lojas e um shopping.
No regresso ao Aventura parei num café e tomei uma bica à portuguesa (bem boa). Estava na esplanada a programar o dia de amanhã quando desatou a chover como eu não me lembro de ter visto (a trovejar também). Ainda não parou!
Voltei para o hostal e tomei um duche. O cibercafé onde me encontro fica na porta ao lado.
Vou jantar numa pizaria aqui ao lado porque o tempo não está de feição para grandes passeios(bendito impermeável que comprei à última da hora).

Como primeira impressão Budapeste pareceu-me escuro. O tempo não ajuda, mas nao é só pelo céu. A cidade tem pouca cor, é toda em tons cinzentos. Ainda não consegui ver grande coisa e só espero que não chova amanhã...